Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         A partir de então, Semmelweis modificou seu procedimento: era necessário desinfetar as mãos com o cloreto de cálcio depois de qualquer contato com alguém que tivesse feridas ou alguma doença de onde pudesse sair algum material pútrido. Posteriormente, como mesmo essa medida não se mostrou sufiente, ele adotou o procedimento de isolar das demais pacientes qualquer pessoa que tivesse alguma doença que pudesse infectá-las.

         Após a adoção desses cuidados, a mortalidade permaneceu baixa (geralmente entre 1 e 2%). A comparação entre as duas clínicas foi a seguinte:

 Aparentemente, a febre puerperal havia sido superada.

         Note-se que não há qualquer menção, aqui, a estudos microscópicos ou químicos, nem discussão sobre a natureza do material cadavérico infeccioso. Semmelweis não discute se a causa da febre puerperal é algum tipo de germe vivo ou qualquer outro tipo de agente. De fato, Semmelweis nunca estudou esses aspectos. Seu objetivo principal era a prevenção da febre puerperal e, tendo atingido esse fim, sua maior preocupação era que o método se difundisse e fosse usado em outros hospitais.

         A recepção da descoberta de Semmelweis foi muito lenta. Em parte, pode-se entender isso como uma reação à compreensão de que os próprios médicos eram responsáveis pela morte das pacientes - e ninguém queria admitir isso. Por outro lado, a difusão das idéias de Semmelweis foi muito imperfeita. Ele próprio demorou vários anos para publicar seu trabalho. Outras pessoas divulgaram aquilo que ele estava fazendo, mas às vezes de modo incompleto. Difundiu-se a idéia de que ele explicava a febre puerperal apenas através da infecção por matéria proveniente de cadáveres. No entanto, em vários hospitais europeus, as pessoas que atendiam aos partos não praticavam autópsias - e, apesar disso, havia muitas mortes por febre puerperal. Isso parecia indicar que Semmelweis estava errado.

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