Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         O fato que veio lhe trazer uma repentina compreensão desse problema foi a morte de um colega. Seu amigo Jakob Kolletschka, professor de Medicina Legal, morreu em março de 1847. Ao realizar uma autópsia, ele se feriu com o bisturi. A ferida havia se infectado e seguiu-se uma infecção geral, chamada "piemia", da qual ele morreu.

         Semmelweis ficou chocado com a morte e, ao mesmo tempo, informando-se sobre os detalhes, percebeu que os sintomas do amigo tinham sido idênticos aos das mulheres com febre puerperal. 

Dia e noite essa figura da doença de Kolletschka me perseguia, e com uma determinação cada vez maior, fui obrigado a reconhecer a identidade da doença de que Kolletschka havia morrido, com a enfermidade de que eu havia visto tantas puérperas morrerem.
(...)
   A causa que havia excitado a doença do professor Kolletschka era conhecida, ou seja, a ferida produzida pela faca de autópsia contaminada ao mesmo tempo por material do cadáver. Não foi a ferida, mas a contaminação da ferida pelo material cadavérico que foi a causa da morte. Kolletschka não foi o primeiro a morrer dessa forma. Devo reconhecer que, se a doença de Kolletschka é idêntica à doença de que vi tantas puérperas morrerem, então nas puérperas ela deve ter sido produzida pela mesma causa geradora, que a produziu em Kolletschka. 
         Efeitos semelhantes devem ter causas semelhantes. Mas o que poderia haver de semelhante entre uma mulher que fica doente após o parto, e um médico que se infecciona pela ferida de um bisturi sujo?

         Ao longo de dois meses, Semmelweis pensava e repensava sobre a semelhança entre os dois tipos de morte. Por fim, ele concluiu que devem ter entrado "partículas cadavéricas" no corpo das mulheres. E isso deveria ter sido causado pelos próprios médicos que as examinaram.

         Os estudantes e os médicos da Primeira Clínica praticavam com grande dedicação a dissecação de cadáveres. Após isso, lavavam apressadamente suas mãos com água (às vezes usando sabão) e as enxugavam em toalhas sujas ou em seus aventais. Daí passavam para o cuidado das pacientes, levando consigo um cheiro nauseante.

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