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As observações de Pouchet eram bem descritas e claras. No
entanto, não se deu importância à sua descoberta, na
época, pois ainda não se aceitava que as doenças pudessem
ser causadas por microorganismos. No mesmo ano em que Pouchet publica seu
estudo, outros pesquisadores apresentam trabalhos em que explicam o cólera
como uma doença dos pântanos (como a malária), sugerindo
que deveria ser tratada com o mesmo remédio - o quinino. Um outro
médico indica que fumigações com madeiras resinosas
é um meio excelente para prevenir o cólera. Ou seja: ainda
se aceitava uma teoria miasmática dessa doença.
Um outro importante passo ocorre em 1850. Nesse ano, Casimir Davaine (1812-1882)
e Pierre Rayer (1793-1867) descobriram um bacilo associado a uma doença:
o antraz.
O antraz, também chamado de "carbúnculo" e "pústula
maligna", é uma doença que atinge animais e também
o homem. Nos séculos XVIII e XIX, essa doença produziu várias
epidemias no sul da Europa, devastando criações de gado.
O antraz afeta vacas, carneiros, cabras, cavalos e outros animais - geralmente
herbívoros. A doença produz tremores, dificuldades respiratórias
e convulsões. Algumas vezes, há hemorragias pelas diversas
aberturas do corpo. Podem surgir inchações escuras em diferentes
partes do corpo. A maior parte dos animais morria em poucos dias - às
vezes, no mesmo dia do início dos sintomas, outras vezes depois
de vários dias. O cadáver dos animais mortos apresenta um
quadro de infecção geral, com sangue muito escuro que demora
a se coagular. O corpo apodrece muito rapidamente.

As primeiras microfotografias do bacilo do antraz, feitas por Koch
(1877), mostram essas bactérias em culturas (à esquerda)
e em material extraído do baço do animal (centro). À
direita, desenhos do bacilo feitos por Duclaux (cultura à esquera
e sangue à direita).
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