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Na Mesopotâmia, também se acreditava que certos vermes podiam
causar, por exemplo, a dor de dentes. Mas não se dava a mesma importância
aos vermes que foi atribuída pelos indianos.
A idéia de que os vermes podem produzir muitas doenças e
se localizar em diferentes partes do corpo não é muito diferente
da idéia de que as doenças podem ser produzidas pela invasão
do corpo por demônios. Em certas orações, fala-se sobre
"inimigos invisíveis", que produzem doenças, e que podem
ser demônios ou outro tipo de agente:
O Sol se ergueu no céu,
matando os demônios. Ele, o celeste, do alto das montanhas, vendo
tudo, destruiu aquilo que não vemos.
O gado se recolheu ao estábulo,
os animais bravios foram repousar; as ondulações das correntezas
passaram e desapareceram.
Eu trouxe a famosa planta de
Kanva, a que dá a vida, que cura tudo. Que ela possa destruir os
inimigos ocultos neste homem.
Há muitos textos indianos em que as idéias de seres sobrenaturais
e causas naturais das doenças parecem se confundir. Existem orações
destinadas a expulsar o "yakshma" do corpo dos doentes; esse "yakshma"
é alguma coisa que produz a tuberculose e outras doenças,
e não se torna claro se é um ente sobrenatural, como os demônios,
ou natural, como os vermes:
Eu arranco o
yakshma de teus olhos, de tuas narinas, de teus ouvidos, queixo, de teu
cérebro e de tua língua; eu arranco o yakshma que está
em tua cabeça.
Do pescoço e dos
ombros, da espinha e das vértebras, dos braços e das espáduas
- eu arranco o yakshma que está em teus braços.
De teu coração
e de teus pulmões, da vesícula, dos dois lados, dos rins,
do fígado e do baço, nós expulsamos o yakshma.
Das entranhas e dos intestinos,
do reto, do ventre, das ancas e do umbigo, eu arranco o yakshma.
De tuas coxas, dos joelhos,
dos calcanhares, dos pés, de tuas pernas eu expulso o yakshma.
De teus ossos, do tutano,
de
teus tendões e veias, das mãos, unhas e dedos, eu expulso
o yakshma.
Aquele que está
em cada membro, cada cabelo, cada junta, o yakshma que está em tua
pele, nós, com o encantamento de Kashyapa, expulsamos para longe.
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