Capítulo 8: Miasmas ou Microorganismos?

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Tanto as causas das doenças, como os remédios, atuam sobre a força vital através de um poder ou dinamismo não material. Isso torna compreensível, na homeopatia, como um remédio extremamente diluído pode se manter eficaz. Hahnemann às vezes fazia com que os doentes apenas cheirassem um remédio já diluído, e isso era suficiente. Por outro lado, as influências mórbidas que produzem as diversas enfermidades também podem agir sob forma extremamente diluída ou rarefeita. Dentro desse tipo de concepção, torna-se natural aceitar a infecção e o contágio das enfermidades.

         Hahnemann utiliza o conceito de miasma de um modo especial. Originalmente, a idéia de miasma estava relacionada às emanações de substâncias em putrefação, que se acreditava capazes de produzir doenças. Esse miasma seria sempre essencialmente de um só tipo, mas poderia levar a diferentes doenças, dependendo das condições específicas de sua ação e da pessoa que sofresse sua influência. Para Hahnemann, o miasma é um agente que pode comunicar a enfermidade, e que pode provir do ambiente ou de outra pessoa doente. Todas as doenças epidêmicas e o contágio se dão pelo miasma. Esse miasma, para ele, pode ser de diferentes tipos, cada um associado a uma doença diferente.

Observamos algumas doenças que sempre possuem uma mesma causa, tais como as doenças miasmáticas: hidrofobia, doença venérea, a praga oriental, febre amarela, varíola, (...) e algumas outras, que possuem a marca distintiva de sempre permanecerem doenças de um caráter peculiar. E por provirem de um princípio contagioso que sempre permanece o mesmo, elas sempre permanecem iguais (...).
         O miasma pode afetar uma pessoa, e esta, por sua vez, pode transmitir o mesmo tipo de miasma a uma segunda pessoa. Cada uma das enfermidades transmissíveis é devida a um miasma particular. No entanto, a própria natureza desses miasmas, para Hahnemann, é desconhecida.

         Hahnemann afirma que as pessoas podem se acostumar gradualmente às influências mórbidas e resistir à infecção dos miasmas. Seria por esse motivo que as enfermeiras, os médicos e os coveiros podem lidar com grande número de enfermos (ou cadáveres), sem ficar doentes. Nesses casos, não se notam sinais do miasma nessas pessoas. No entanto, sem serem afetadas, e parecendo totalmente saudáveis, essas pessoas poderiam transmitir o miasma a outras. Em 1831, durante uma grave epidemia de cólera, Hahnemann sugere que a doença não se propaga pelo ar, como todos acreditavam, mas pelo contato entre as pessoas; e que os principais responsáveis pela sua difusão seriam os médicos e enfermeiras: eles desenvolveram uma resistência contra o "miasma venenoso do cólera", mas o passam para outras pessoas. São os "transportadores sadios do miasma".

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