Capítulo 8: Miasmas ou Microorganismos? |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
![]() |
Nas masmorras, e nos hospitais mal construídos há, além da alteração do ar de que acabamos de falar, os miasmas, que se exalam dos corpos, os quais atacando os nervos, tendem a aniquilar a vida, e dão lugar a estas febres malignas, e contagiosas, conhecidas pelo nome de febres de hospitais, de prisões etc.; as quais levam mui longe o seu contágio.O autor comenta sobre o perigo do ar das igrejas, porém sem dar tanta importância ao número de pessoas. O problema principal é que, até essa época, era comum enterrar os sacerdotes e fiéis nos porões da própria igreja ou em volta dela. Mello Franco critica e propõe a abolição desse costume. "As exalações pútridas, e mefíticas, que lançam de si tantas sepulturas, são causas poderosas de muitas moléstias, principalmente para as pessoas, que vão às primeiras missas, logo que se abrem as igrejas, tempo em que o ar não renovado, conserva em si reunidos aqueles vapores, por assim dizer, pestilentes". Mello Franco reconhece que o uso de substâncias aromáticas ou de vinagre não destroi os vapores nocivos, apenas os disfarça e torna, por isso, ainda mais perigosos às pessoas desavisadas. Também afirma que o fogo é inútil, pois apenas produz correntes de ar; "mas os miasmas pestíferos ficam intactos." Embora a idéia dos miasmas em si própria não tivesse evoluído com os estudos químicos, haviam sido encontradas novas substâncias, capazes de impedir a putrefação e que deviam ser também capazes de destruir os miasmas invisíveis. O autor utiliza especialmente os estudos de Louis Bernard, barão de Guyton de Morveau (1737-1816), companheiro de pesquisas de Lavoisier. Guyton de Morveau estudou ácidos minerais em forma gasosa, concluindo pela grande eficácia antisséptica dos mesmos. Recomendava-se especialmente o "ácido muriático oxigenado", obtido pela reação de sal comum (10 partes), óxido negro de manganês (2 partes) e ácido sulfúrico (oito partes). Mello Franco aconselha o uso desse gás nas enfermarias dos hospitais e nas casas em que haja moléstias contagiosas, como meio de destruir os vapores nocivos. Ele chega a dizer que esse ácido gasoso é também benéfico para as próprias pessoas que já estejam doentes: Este facílimo expediente é infalível, não somente para atalhar o progresso do contágio, mas também para diminuir os seus efeitos nos indivíduos já atacados. São tantas as experiências feitas por homens consumados em Química, e Medicina a este respeito, que nenhuma dúvida pode já restar aos mesmos incrédulos. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
CRONO LOGIA |