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Abandonando o tratamento dos grandes médicos, Van Helmont acabou
por se curar utilizando enxofre aplicado ao local da sarna.
Jan Baptist van Helmont
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Como outros, Van Helmont se dedicou à medicina mas afastando-se
da tradição e procurando chegar a um novo tipo de conhecimento.
Estudou Paracelso mas também não aceitou suas doutrinas,
embora aproveitasse algumas de suas idéias.
A concepção de Van Helmont sobre as doenças é
bastante obscura. Ele defendia a existência de dois tipos de princípios
vitais no corpo. O mais importante era chamado por ele de "Archeus" (nome
que já havia sido utilizado por Paracelso). O Archeus produz a estrutura,
a forma, a imagem do organismo. Esse Archeus, segundo Van Helmont, estaria
centralizado no estômago ou no fígado, e governaria todo o
corpo através de um tipo de alento vital ou ar, que ele denominou
"blas". Esse "blas" não seria exatamente igual ao ar que respiramos,
mas algo mais espiritual. É semelhante ao conceito grego de "pneuma"
ou ao conceito indiano de "prana", que representava ao mesmo tempo a respiração,
o alento vital, e também as forças vitais dentro do corpo. |
Os processos vitais básicos, segundo Van Helmont, estão associados
à fermentação, que transforma os elementos e produz
ar. A fermentação, para ele, é algo produzido por
certas partículas dotadas de vida. Toda a matéria viva provém
de fermentos, que atuam na água e produzem suas sementes. O funcionamento
desses fermentos é dirigido pelo Archeus. De certa forma, essas
sementes são semelhantes à idéia atual de micróbios
- embora diferentes em outros aspectos.
As doenças também seriam processos vitais regidos por fermentos.
Como o funcionamento do corpo é regido pelo Archeus, ele é
um intermediário no estabelecimento de enfermidades. De certa forma,
o Archeus se deixa impregnar por uma "imagem" da doença, que o contamina
como um veneno. Ele afirma que essas "imagens" são as sementes dos
seres que produzem a doença, ou sementes da natureza corrupta. |
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