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Seguiu-se um
período de muitas tentativas fracassadas. Maria e Pierre trabalharam
juntos, e suas letras se alternam nos cadernos de laboratório onde
eram anotadas suas idéias e experimentos. A separação
completa do novo elemento não foi conseguida. No entanto, através
de sucessivos processos de purificação, foi possível
obter um material que ainda se parecia com o bismuto, mas que era 400 vezes
mais ativo do que o urânio. Os Curie mantiveram a hipótese
de que havia um novo elemento na substância que havia sido separada,
e deram-lhe o nome de “polônio”, em homenagem à terra natal
de Maria.
Continuando a investigar a pechblenda, com a ajuda de Georges Bémont,
o casal Curie descobriu que era possível encontrar mais uma substância
fortemente radioativa. Novamente, essa substância parecia difícil
de ser isolada. Após uma série de reações químicas,
como no caso do polônio, foi possível obter um material fortemente
radioativo, mas suas propriedades químicas eram dessa vez iguais
às do bário. Como no caso anterior, foi possível aumentar
a concentração do material radioativo, através de
processos de dissolução e precipitação, obtendo
um material 900 vezes mais ativo do que o urânio puro, sem no entanto
conseguir uma separação total do bário. Eles supuseram
que havia um novo elemento desconhecido misturado ao bário, e deram-lhe
o nome de “rádio”.
Com os resultados inesperados e extremamente importantes obtidos em 1898, estava aberto o caminho para os estudos que o casal Curie realizou nos anos seguintes. A linha fundamental de trabalho passou a ser a de tentar isolar o polônio e o rádio da pechblenda, procurando obter esses elementos em forma pura, para determinar suas propriedades (especialmente o peso atômico). Durante quatro anos, de 1899 a 1902, o trabalho a que eles se dedicaram – realizado em sua maior parte por Maria – foi tratar quimicamente uma tonelada de pechblenda, purificando gradualmente seus materiais radioativos. O polônio, infelizmente, conseguiu resistir a todas as tentativas que fizeram, e não foi isolado por eles. Obtiveram, no entanto, cerca de um décimo de grama de cloreto de rádio quase puro, e conseguiram determinar o peso atômico desse elemento: aproximadamente 225. Durante esses quatro anos, a teimosia de Maria Curie não lhe permitiu desistir do trabalho, mesmo quando ele parecia não avançar. O esforço físico exigido pelo trabalho era enorme, pois ao invés de utilizar pequenos tubos de ensaio era preciso manipular baldes e caldeirões com cerca de 20 kg de material de cada vez, transportando os recipientes de um lado para o outro, fervendo os líquidos, misturando com outros, borbulhando enormes quantidades do ácido sulfídrico fedorento, etc. |
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