Capítulo 5:O Período Medieval

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Como todas as enfermidades podem ser causadas pela magia, todas elas podem também ser combatidas por orações e por exorcismos:
Já foi dito que as bruxas são capazes de afligir os homens com todo tipo de enfermidades físicas. Pode-se, portanto, considerar como regra geral que os vários remédios verbais ou práticos a serem aplicados contra essas enfermidades são igualmente aplicáveis a todas as demais, como contra a epilepsia, a lepra, entre outras. 
         O "Malleus maleficarum" indica alguns dos modos de combater as doenças produzidas pela magia:
Nider, no primeiro capítulo de seu Praeceptorium, diz que é lícito benzer o gado, da mesma forma que o é aos homens doentes (...). Pois diz que quando uma pessoa ou uma virgem devota benze uma vaca com o sinal-da-cruz, rezando um pai-nosso e a saudação angelical, toda a obra demoníaca que sobre ela se abate é afastada, se tiver sido causada por bruxaria.
         As diferenças entre doenças naturais e sobrenaturais ficam muito diluídas. As ervas e outros remédios podem servir para preservar ou curar de doenças, mas como elas funcionam? Os inquisidores sugerem que elas servem para fortalecer a pessoa e aumentar sua resistência ao demônio. Dessa forma, se uma pessoa se cura através de remédios, isso não quer dizer que a enfermidade era natural - poderia ter sido também um efeito de feitiçaria. Por precaução, era conveniente acompanhar qualquer tratamento médico por orações e por apelos aos santos e a Deus, para que eles fossem realmente eficazes.

Na Idade Média e no Renascimento, popularizou-se a crença de que as feiticeiras ou bruxas podiam controlar os poderes da natureza, causando tempestades e epidemias.
         Nessa época, o número de supostas bruxas capturadas e queimadas pelo Inquisição atingiu dezenas de milhares. É natural que, nesse tipo de clima cultural, a busca de uma compreensão médica das doenças e de sua transmissão ficasse em segundo plano.

         Alguns trechos do Malleus maleficarum mostram que os inquisidores aceitavam, nessa época, algumas concepções astrológicas. Desde o final da Idade Média, por influência árabe, a astrologia havia adquirido grande influência na Europa. Um dos astrólogos árabes mais influentes foi Albumasar, ou Abu Ma'shar de Bagdá (século X). Traduzido para o latim, ele influenciou fortemente o desenvolvimento da astrologia européia. Na Espanha e depois em Portugal, após a invenção da imprensa de tipos móveis, surgiram obras muito populares, os chamados "Reportórios dos tempos", que divulgaram essas idéias. Essas obras davam indicações sobre as épocas e condições adequadas para o plantio e colheita, relações entre os astros e o clima, etc. Grande parte dessas obras era destinada à astrologia médica, indicando as condições celestes capazes de produzir doenças, bem como as épocas adequadas para utilizar sangrias ou purgantes.

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