Capítulo 3: Medicina Grega

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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        Uma outra idéia central que se desenvolve nesse período e que aparece nos escritos de vários filósofos, como Pitágoras e Alcmeon, é a de que a saúde é o resultado do equilíbrio e harmonia do corpo: excessos e desarmonia produzem doenças. Os escritos dessa época não foram conservados, mas um autor grego posterior assim descreveu a teoria de Alcmeon:
Alcmeon sustenta que o que estabelece a saúde é o equilíbrio dos poderes: úmido e seco, frio e quente, amargo e doce, e os demais. Pelo contrário, a supremacia de um deles é a causa da doença, pois a supremacia de qualquer um é destrutiva. A doença surge diretamente pelo excesso do calor ou frio, indiretamente pelo excesso ou deficiência de nutriente. E seu centro é ou o sangue ou a medula ou o cérebro. Ela [a doença] algumas vezes aparece nesses centros por causas externas: umidade de algum tipo, ou ambiente, ou exaustão ou causas semelhantes. Saúde, por outro lado, é a mistura proporcional das qualidades.

   Escultura de Alcmeon, da escola pitagórica, para quem a saúde era resultado de um equilíbrio entre os poderes.
         Novamente, essa é uma doutrina médica totalmente naturalista, ou seja, sem a intervenção de conceitos sobrenaturais, mágicos ou religiosos. Teorias semelhantes, que interpretavam a doença como ruptura do equilíbrio de diversas substâncias ou poderes, surgiram também em outros locais, na Antigüidade: na China e na Índia, por exemplo. Na filosofia chinesa tradicional, supunha-se a existência de cinco elementos básicos (madeira, fogo, terra, metal e água), que estavam associados às cinco cores, cinco estações do ano, e cinco órgãos do corpo humano. A doença era considerada como uma desarmonia dos cinco órgãos, produzida pela interferência do clima, planetas, etc. Também na Índia, em livros médicos escritos no início da era cristã, são encontradas idéias semelhantes. Mas não se sabe se existe alguma ligação entre a teoria grega e as de outras civilizações.

         Na escola pitagórica, dava-se grande importância à alimentação para conservar a saúde ou curar doenças. A dieta normal era vegetariana, certos alimentos (como lentilhas) eram proibidos e recomendava-se alguns outros, como couve e aniz, como importantes para conservar a saúde. A terapia pitagórica parece ter se baseado principalmente em dieta, exercícios físicos, música e meditação.

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