Capítulo 3: Medicina Grega

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         O culto a Asclepios e as curas realizadas em seus templos duraram muitos séculos (até depois da era cristã) e se espalharam por vários países. Em Roma, no ano 295 antes de Cristo, foi erigido o primeiro templo a Asclepios por causa de uma epidemia. Conta-se que uma praga "havia infectado o ar, o sangue se corrompia nas veias e os homens se arrastavam como espectros lívidos. A morte feria sem descanso, e ria-se de todos os esforços humanos e de todos os recursos da arte... ". A peste já durava há muito tempo, e foram enviados emissários a um templo grego de Apolo, em Delfos, em busca de conselhos. O oráculo diz que não é o próprio Apolo quem deve ser consultado e sim seu filho (Asclepios).

         Os embaixadores vão ao templo de Asclepios em Epidauro e pedem que se permita transportar a Roma a estátua do deus. De noite, Asclepios aparece em sonhos e lhes diz que vai acompanhá-los sob a forma de uma cobra. Surge uma grande serpente, que sai do tempo, depois vai até o porto e entra no navio romano. Chegando ao porto de Roma, a serpente mergulhou na água e nadou até uma ilha, no meio do rio Tibre.  Lá foi erguido um templo a Asclepios, e a epidemia desapareceu.

         A corrente médica religiosa, associada a Asclepios, foi muito popular e duradoura. Certamente existia na Grécia uma medicina prática, lado a lado com essa Medicina religiosa. Como vimos, o próprio mito de Asclepios indica que ele utilizava ervas, poções e mesmo cirurgia. Mas era muito forte a crença de que as doenças eram enviadas pelos deuses como punição por algum erro e de que a cura dependia da benevolência divina. Uma Medicina independente, naturalista, só poderia ter começado a se desenvolver quando a própria religião começou a se enfraquecer. Vamos ver como isso aconteceu, na Grécia.
 

    O SURGIMENTO DA MEDICINA NATURALISTA GREGA

         O enfraquecimento das crenças mitológicas gregas começou a ocorrer, na Grécia, aproximadamente no século VI antes da era cristã. Nessa época, surgem os primeiros filósofos gregos importantes que conhecemos: Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Pitágoras, e outros. Esses filósofos começam a propor um novo tipo de conhecimento, que não provém da tradição religiosa e sim do próprio raciocínio humano.

         Não foram conservados os escritos dos médicos anteriores a Hipócrates. No entanto, sabe-se alguma coisa sobre a medicina naturalista pré-hipocrática. Um exemplo é o pensamento do médico Euryphon de Cnidos, que viveu em torno de 450 A. C. Ele atribuiu as doenças a distúrbios de alimentação: "Quando o ventre não se livra do alimento que foi tomado, são produzidos resíduos que se elevam à região da cabeça e então produzem doenças. Quando, no entanto, o ventre é esvaziado e limpo, a digestão ocorre como deve (...)".

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