Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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O senhor, Professor, participou deste massacre. O homicídio deve cessar, e com o objetivo de terminar com esse homicídio, eu vigiarei, e todo homem que ousar propagar erros perigosos sobre a febre puerperal encontrará em mim um oponente ativo. Para mim não há nenhum meio de impedir o assassinato a não ser desmascarando sem piedade meus oponentes. E ninguém que tem o coração no lugar certo me censurará por utilizar esse meio. 
         A aceitação das descobertas de Semmelweis foi lenta. Apenas depois de sua morte, na década de 1880, se generalizaram os cuidados de limpeza no tratamento obstétrico. Isso ocorreu lentamente, em geral sem se reconhecer o valor do trabalho de Semmelweis, que foi criticado em vida e esquecido após sua morte.
 

    A TRANSMISSÃO DO CÓLERA PELA ÁGUA

         Quando se pensava no contágio indireto das enfermidades, quase sempre se imaginava que ele ocorria através do ar. Foi em meados do século XIX que se descobriu que uma das mais terríveis doenças da época - o cólera - podia ser transmitido através da água.

         O cólera foi uma doença pouco conhecida na Europa até o século XIX. Existiam notícias sobre ela na Índia, onde ocorria sempre, com maior ou menor intensidade. No século VII, um médico indiano, Sushruta, descreveu uma epidemia de cólera. Os portugueses entraram em contato com essa enfermidade durante o século XVI. No século XVII, um escritor holandês, Bontius, descreveu a ocorrência da doença na Índia. Aparentemente, na região do Ganges, essa enfermidade sempre existiu, de forma endêmica, com maior ou menor intensidade.

         Apesar de ser conhecido, o cólera era algo remoto e de pequena importância para os europeus, até que, em 1814, um batalhão inglês foi dizimado pela enfermidade, na Índia. Havia, na época, dois batalhões em marcha de Jaulnah para Trichinopoli. Um deles nada sofreu, mas o outro teve grande número de mortos pela doença. Na época, os indianos acreditaram que a epidemia era uma conseqüência da ira dos deuses, que haviam sido insultados pela poluição de certos tanques sagrados na aldeia de Cunnatae. Esses tanques haviam sido utilizados pelos soldados para se banharem. Dois dias depois, centenas deles morreram.

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