Capítulo 7: A Varíola e a Descoberta da Vacinação

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         É curioso assinalar que foi o título dos trabalhos de Jenner que levou ao nome "vacina":
 
- "Uma investigação sobre as causas e efeitos da variolae vaccinae, uma doença descoberta em alguns dos condados ocidentais da Inglaterra, particularmente Gloucestershire, e conhecida pelo nome de cow pox" (1798)
- "Novas observações sobre a variolae vaccinae" (1799)
- "Uma continuação de fatos e observações relativas à variolae vaccinae  ou cow-pox" (1801)

         Essas publicações, embora escritas em inglês, apresentavam em latim o nome da doença das vacas: "variola vaccinae", que significa varíola das vacas ou varíola "vaquina" (que Aurélio me perdoe essa palavra). A palavra "vaccina" era portanto um adjetivo latino, que indicava a origem da enfermidade. Não representava o procedimento utilizado. Assim como a variolação era chamada de inoculação da varíola, passou-se a falar sobre a inoculação da varíola das vacas, ou seja, da varíola "vaquina". Como o latim dava um maior respeito ao


Folha re rosto de uma das obras de Jenner.
procedimento, era preferível utilizar a expressão "inoculação da variola vaccinae", que depois foi simplificada para "inoculação da vacina" e por fim se transformou em "vacinação". A palavra "vacina", isoladamente, é um absurdo gramatical, pois trata-se de um adjetivo ("da vaca") que é usado como substantivo. Pior ainda é falar sobre as "vacinas" contra várias doenças, que não têm nada a ver com vacas. Mas a linguagem, infelizmente, é assim: quando se esquece a origem das palavras, seu significado muda tanto que elas se tornam irreconhecíveis.

         Mas voltemos à época de Jenner. A divulgação desses trabalhos produziu repercussão imediata. Outros médicos logo se apressaram a testar as observações de Jenner. No mesmo ano de 1798, George Pearson publicou um estudo em que confirmou a eficácia da varíola de vaca para proteger contra a varíola humana. No ano seguinte, o médico Joseph Marshall inoculou 211 pessoas com a cow-pox e depois tentou transmitir-lhes artificialmente a varíola humana. Nenhuma delas contraiu a enfermidade.

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