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ELETROMAGNETISMO (II):
Para Maxwell, relacionar
eletromagnetismo com uma teoria de éter era importante pois lhe
parecia fundamental a existência de modelos mecânicos adequados
para explicar os fenômenos físicos e que, ao mesmo tempo,
permitissem formar uma imagem mental destes fenômenos. Mas até
que ponto essas imagens eram uma representação literal da
realidade?
Os principais trabalhos
nos quais Maxwell desenvolveu suas idéias sobre o papel do campo
nos fenômenos eletromagnéticos e também suas concepções
mecânicas do éter são os artigos Sobre as linhas de
força de Faraday publicado em 1856 e Sobre as linhas físicas
de força publicado em duas partes, em 1861e 1862.
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Ao ler o livro Pesquisas Experimentais
sobre Eletricidade e Magnetismo de Faraday, Maxwell ficou bastante impressionado
com a idéia de linhas de força. O artigo Sobre as linhas
de força de Faraday foi uma tentativa de unir as idéias de
Faraday com as analogias matemáticas desenvolvidas por Thomson e
com isso obter uma teoria matemática para descrever as linhas de
força. Seu objetivo era produzir um método que “exigisse
atenção e imaginação, mas não cálculos.”
Este trabalho de 1856 foi eclipsado
pelos trabalhos posteriores de Maxwell, mas sua originalidade e importância
são grandes. Além de interpretar e desenvolver o trabalho
de Faraday, ele contém o início de muitas idéias que
foram modificadas ou desenvolvidas posteriormente, entre elas a representação
utilizando expressões matemáticas integrais das equações
de campo, o tratamento da ação elétrica como análoga
ao movimento de um fluido incompressível, e a classificação
(que não é mais utilizada) das funções vetoriais
em vetores do tipo força e vetores do tipo fluxo. |
O seu próximo artigo
sobre o assunto foi sobre as linhas físicas de força, publicado
em duas partes, em 1861 e 1862. Seguindo Thomson, Maxwell desenvolveu a
idéia de que os fenômenos eletromagnéticos são
provocados por deslocamentos das partículas do éter, de modo
que a rotação seria proporcional à força magnética
e o deslocamento relativo das partículas vizinhas corresponderia
em magnitude e direção à quantidade de corrente elétrica
passando pelo ponto correspondente do campo eletromagnético. A figura
ao lado mostra um vórtice ao redor de uma linha de campo que aponta
na direção Sul-Norte, neste modelo cada vórtice no
éter representa o campo magnético em um ponto do espaço. |
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Neste mesmo trabalho,
elaborou um novo modelo mecânico, mais sofisticado que os anteriores,
baseando-se nos vórtices para explicar o fenômeno da indução
eletromagnética (indução de corrente em um circuito
devido à variação em outro). Considerou o éter
formado por vórtices rígidos em rotação, entre
os quais haveria pequenas esferas que transmitiriam o movimento de um vórtice
para outro.
Maxwell imaginou que os
sistemas de vórtices agiriam como um mecanismo conectado capaz de
transferir movimento elétrico de um condutor para outro. Imaginou
um mecanismo semelhante a um conjunto de catracas capazes de transferir
a rotação para os vórtices vizinhos. Para que a transferência
de movimento de um vórtice a outro fosse possível, Maxwell
supôs que o éter seria rígido, com vórtices
em rotação e teria uma camada de pequenas partículas
esféricas (“idle wheels”) capazes de rolar entre os vórtices
e com isso transmitir o movimento entre os vórtices vizinhos, como
mostrado na figura. |
Seguindo a tendência
de usar analogias, Maxwell passou a relacionar as grandezas mecânicas
existentes no movimento destes vórtices com as grandezas eletromagnéticas.
Interpretou a força tangencial das partículas como análoga
ao campo elétrico; o momento angular do vórtice como análogo
à intensidade do campo magnético; e o movimento das partículas
como análogo à corrente elétrica. |
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