Adalgisa Botelho da Costa
Dissertação de Mestrado defendida em outubro de 2001
Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência, PUC/SP
“O Reportorio dos Tempos de André do Avelar e a astrologia em Portugal no século XVI”

Resumo

    Esta dissertação estuda a história da astrologia portuguesa no século XVI, tomando como exemplo central uma obra do final do século, escrita por André do Avelar e procurando compreendê-la comparativamente, dentro do contexto da época. Inicialmente, este trabalho apresenta uma visão geral sobre a situação da astrologia européia nessa época, dando atenção especial à situação de Portugal. Depois, passa a analisar o Reportório dos Tempos (1585) de André do Avelar. Trata-se de um manual que abrange temas variados, mas grande parte dele é dedicada a temas astrológicos. A obra de Avelar é comparada em seguida com um Reportório dos Tempos espanhol anterior, escrito por Jerônimo de Chaves, pesquisando-se semelhanças e influências. Depois, são estudadas outras duas obras astrológicas anteriores – uma delas do Frei António de Beja, e outra de Abraham Zacuto – para exemplificar a variedade da literatura astrológica e permitir uma melhor compreensão da especificidade do Reportório.
    A análise realizada permitiu concluir que Avelar não se baseou exclusivamente na obra de Chaves, como sugerido no século XIX por Innocencio Francisco Silva. Trata-se de uma obra pouco original, uma compilação de textos anteriores, mas que tem aspectos distintos do trabalho de Chaves.
    A parte astrológica do livro de André do Avelar não inclui discussões sobre a validade da astrologia nem sobre seus limites e compatibilidade com a religião. Também não aborda a astrologia judiciária individual, destinada a prever o futuro de uma pessoa. Talvez Avelar tivesse feito certas escolhas como essas porque quisesse evitar conflitos com a Igreja. Não foi bem sucedido, no entanto, pois mais tarde foi julgado pela Inquisição e seu livro foi proibido pelo Index Librorum Prohibitorum.

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Abstract

    This dissertation contains a study of the history of Portuguese astrology in the 16th century. Its central object is a book written by André do Avelar. The dissertation attempts to understand this work in the general context of that time. The present study starts with a general overview of European astrology around the 16th century, with special emphasis on the Portuguese cultural context. After that, it analyses André do Avelar’s Reportório dos Tempos (1585). That manual addressed many different subjects, but it is largely devoted to astrological themes. Avelar’s book is described and compared to a previously published Spanish Reportório dos Tempos written by Jerônimo de Chaves, in an endeavour to find similarities and influences. Two other former astrological works are also discussed – one of them written by the priest António de Beja, and the other one by Abraham Zacuto. The comparison of the Reportorio with the diversity of astrological literature of the 16th century yielded a better grasp of the specificity of Avelar’s work.
Among other things, the analysis presented in this dissertation led to the conclusion that Avelar did not use Chaves’ book as the only source of his own work, as had been suggested in the 19th century by Innocencio Francisco Silva. The Reportório dos Tempos is not a highly original work; it is a compilation derived from previous books, but it has several features that distinguish it from Chaves’ work.
    The astrological part of André do Avelar’s book does not include a discussion concerning the soundness of astrology, its limits or its compatibility with religion. Besides that, it does not address the technique of individual judiciary astrology, that aimed at predicting a person’s future. Maybe Avelar made those choices because he wanted to avoid clashing against the Church. He was not successful, however, since he was submitted to trial by the Inquisition and his book was prohibited by the Index Librorum Prohibitorum.

Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciências – UNICAMP