"Lamarck's method and metaphysics"
["O método e a metafísica de Lamarck"]

Lilian Al-Chueyr Pereira Martins & Roberto de Andrade Martins

Artigo publicado em  Jahrbuch für Geschichte und Theorie der Biologie 3: 181-199, 1996.

Resumo: A teoria evolucionista de Lamarck tem sido considerada como uma especulação sem fundamento, tanto por naturalistas de sua época quanto por historiadores atuais da ciência. Lamarck é usualmente considerado como pertencendo ao grupo do "idéologues" – seguidores de Condillac, com uma forte tendência empirista. De fato, Lamarck se refere com respeito a Condillac, e em seu discurso metodológico apresenta a si próprio como empirista. No entanto, se compararmos sua teoria evolucionista com as exigências empiristas, o trabalho de Lamarck deveria ser rejeitado como desprovido de fundamentos – um mero "système" metafísico – no sentido pejorativo utilizado pelos seguidores de Condillac.
    Há, no entanto, outro modo de considerar o método de Lamarck. A análise de seus últimos trabalhos – especialmente os livros Histoire naturelle des animaux sans vertèbres and Système analytique des connaissances positives de l'homme – mostra que ele não seguia um método empirista. Seu ponto de partida era na realidade metafísico, mas é exatamente o tipo de metafísica que é atualmente aceita pelas ciências biológicas: um fisicalismo estrito, que exige que todos os fenômenos naturais sejam explicados por leis naturais. Seguindo essa exigência, o método de Lamarck parece a melhor solução disponível naquela época para os fenômenos biológicos fundamentais: a natureza, a origem e a estrutura dos seres vivos.
    O trabalho de Lamarck foi criticado como puramente especulativo e não-científico porque foi avaliado no contexto do empirismo. Ele não foi totalmente claro sobre seu método, e talvez ele próprio não tivesse percebido que estava se afastando da tradição empirista. A reinterpretação da teoria de Lamarck sob o ponto de vista de seu fisicalismo não empirista permite uma avaliação positiva de seu trabalho.

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Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciências – UNICAMP

"Lamarck's method and metaphysics"
["O método e a metafísica de Lamarck"]

Paper published in  Jahrbuch für Geschichte und Theorie der Biologie 3: 181-199, 1996.

Abstract: Lamarck's evolutionary theory has been regarded as groundless speculation by both coeval naturalists and modern historians of science. Lamarck is usually regarded as belonging to the group of the " idéologues" – followers of Condillac, with a strong empiricist outlook. Indeed, Lamarck refers respectfully to Condillac, and in his methodological discourse presents himself as an empiricist. However, if one compares his evolutionary theory with the empiricist requirements, Lamarck's work should be dismissed as groundless – a mere metaphysical " système" – in the pejorative sense used by the followers of Condillac.
    There is, however, another way of looking at Lamarck's method. The analysis of his later works – specially Histoire naturelle des animaux sans vertèbres and Système analytique des connaissances positives de l'homme – shows that he did not follow an empiricist method. His point of departure is indeed metaphysical, but it is exactly the kind of metaphysics now accepted by the biological sciences: a strict physicalism, that requires that all natural phenomena be explained by natural laws. Following this requirement, Lamarck's method seems the best available solution of that time to the fundamental biological problems: the nature, origin and structure of living bodies.
    Lamarck's work was criticized as purely speculative and non-scientific because it was evaluated in the context of empiricism. He was not altogether clear about his method and maybe he did not realize that he was departing from the empiricist tradition. The reinterpretation of Lamarck's theory from the point of view of his non-empiricist physicalism allows a favorable evaluation of his work.

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Group of History and Theory of Science – UNICAMP, Brazil