Capítulo 2: O Mito Filosófico na Grécia e na Índia

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        O início de tudo, segundo Hesíodo, é o Caos. Mas o que representa essa palavra? Na linguagem atual, “caos” significa confusão, desordem. Mas esse não é o significado primitivo desse termo. Kháos – Caos, vem do termo grego “khínein”, abrir-se, entreabrir-se. Significa uma abertura, uma fenda, um abismo. Associa-se ao Caos a presença de escuridão e de ventos ou tempestades. Pode ser entendido como um espaço vazio, ou algo indefinido, anterior a todas as coisas. Alguns autores o interpretam como uma primeira divisão ou separação – mas divisão de que? Na verdade, muito já se escreveu sobre o Caos de Hesíodo, mas sem se chegar a uma conclusão definitiva, aceita por todos.

        Mais tarde, a palavra “Caos” foi interpretada no sentido de uma matéria primitiva, em que todos os elementos estavam misturados entre si.

        Segundo Hesíodo, os primeiros “filhos” do Caos são: a Terra; aquilo que está abaixo dela, o Tartaros; e o desejo, Eros. Tartaros é considerado como o local mais profundo na Terra, abaixo do próprio Hades, o inferno dos gregos. A Terra se apoia sobre o Tartaros: no tempo de Hesíodo, não se imagina a Terra flutuando no espaço. O Tartaros, por sua vez, talvez se apoie no Caos. Em autores posteriores, o mundo conhecido é imaginado como se fosse uma bolha no meio do Caos, que o cerca por todos os lados.
Eros, por sua vez, representa a atração ou desejo, capaz de superar a razão e qualquer outra força. É representado como um deus masculino. Ele nasceu diretamente do Caos, como a Terra. É pela força do desejo que os deuses se unirão entre si, para procriar outros deuses.

Do Kháos surgiram Erebos [Trevas] e a negra Nyx [Noite].
E de Nyx nasceram Aither [Éter] e Hèméra [Dia],
concebidos quando ela se uniu a Erebos em amor.
        Erebos (masculino) e Nyx (feminina) são deuses da escuridão (trevas e noite); no entanto, da Noite e das Trevas nasce a luz: Aither, o Éter (masculino), representa o céu brilhante e azul do dia; e nasce junto com Hèméra, a luz do dia (feminino). Na sucessão do tempo, os dias nascem das noites. Poder-se-ia dizer também que as noites nascem dos dias, mas a linguagem popular se refere apenas ao “nascer do dia” e nunca ao “nascer da noite”. Simbolicamente, a noite é vista como algo negativo, e o dia como algo positivo; e aquilo que é positivo nasce do que é negativo.
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