|
Na década de 1960, no entanto, surgiu um fato totalmente novo. Foi
descoberta uma importante confirmação da teoria do “Big Bang”,
um fato que é muito difícil ou impossível de explicar
de acordo com a teoria do estado estacionário: a radiação
de fundo.
Como vimos, a temperatura do universo vai diminuindo e, após 700.000
anos do início da expansão, a radiação e a
matéria se separam. Nesse instante, a temperatura do universo seria
de 3.000 Kelvin. Depois disso, a matéria irá se aglomerar,
para formar galáxias. A radiação, que nesse instante
é uma luz avermelhada bastante brilhante, continua a preencher o
universo que vai se expandindo. À medida que o universo se expande
ainda mais, a temperatura vai diminuindo e essa luz que preenche o universo
vai também mudando. Ela deve se transformar, depois de algum tempo,
em radiação infravermelha – como aquela que podemos sentir
colocando a mão ou o rosto próximo à superfície
quente de um ferro de passar roupas. Depois, deve se enfraquecer cada vez
mais, até não poder mais ser percebida pelos nossos sentidos.
No entanto, ela não desaparece.
De acordo com a teoria, o espaço todo ainda deve estar preenchido
por essa radiação, mas ela agora deve estar muito enfraquecida.
Sua temperatura deve ser de poucos graus de temperatura absoluta – cerca
de 270 Celsius abaixo de zero.
Dois pesquisadores, Ralph A. Alpher e Robert Herman, calcularam em 1956
que a temperatura atual dessa radiação corresponderia a aproximadamente
5 Kelvin. Embora essa radiação seja extremamente fraca, deveria
ser possível medi-la com instrumentos muito sensíveis, capazes
de captar microondas. Eles tentaram, mas não conseguiram observar
essa radiação.
Em 1965, sem saber que existia essa previsão teórica, dois
engenheiros de telecomunicações, Arno A. Penzias e Robert
W. Wilson, descobriram essa radiação. Estavam utilizando
uma antena para recepção de sinais de satélites, e
captaram sinais de uma radiação de microondas que parecia
preencher todo o espaço, vindo de todas as direções
igualmente. Medindo essa radiação, determinaram que ela correspondia
a uma temperatura de aproximadamente 3 Kelvin – próximo à
previsão teórica. Logo depois, Penzias e Wilson tomaram conhecimento
dos trabalhos que previam a existência da radiação,
e ela foi considerada, assim, como uma importante confirmação
da teoria do “Big Bang”. Essa radiação, extremamente fria,
é considerada como o que sobrou da radiação de 3.000
Kelvin, que existia quando a matéria e a luz se separaram. |
Robert Wilson (à esquerda) e Arno Penzias (à direita)
descobriram a existência de uma radiação de microondas
que chega à Terra vinda de todas as direções. A grande
antena de microondas utilizada na descoberta aparece ao fundo.
|
|
|