Capítulo 7: Kant e Laplace: A Formação do Sistema Solar

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Como o assunto deste livro é o estudo do surgimento do universo como um todo e não apenas do sistema solar, não podemos dedicar muito tempo a esse tema. Em uma conferência internacional sobre a origem do sistema solar, em 1962, os astrônomos D. ter Haar e A. G. W. Cameron analisaram todas as teorias que já haviam sido propostas. Eis a conclusão geral que tiraram:
Vamos considerar por um momento a situação, e perguntar por que há tantas teorias, enquanto que nenhuma delas é satisfatória. É claro que a falta de uma teoria satisfatória não é devida a uma falta de interesse no problema; na verdade, esse interesse tem aumentado rapidamente em anos recentes. No entanto, é instrutivo perguntar: por que existem tantas teorias que pretendem ter resolvido o problema? A razão é que em praticamente todas as teorias falta uma base quantitativa. Praticamente todas as teorias são qualitativas, mostrando processos possíveis que poderiam levar ao nosso sistema planetário. No entanto, elas não consideram a questão de verificar se os processos propostos podem também explicar quantitativamente a formação dos planetas. Essa ausência de análise quantitativa está geralmente escondida por uma análise mais ou menos quantitativa de alguns poucos detalhes, sem, no entanto, especificar os valores de importantes constantes que entram nos cálculos. No entanto, é sempre preciso voltar a enfatizar que a cosmogonia pode também ser tratada pelos mesmos métodos analíticos rigorosos que foram tão bem sucedidos em outros campos da astrofísica.
        A idéia básica apresentada por esses autores, e que devemos admitir, é que tudo é muito fácil até que se tenta fazer os cálculos e compará-los com a realidade. É possível imaginar muitos modelos para a origem do sistema solar, mas nenhum deles resiste a uma discussão mais cuidadosa, utilizando as teorias físicas que são aceitas. Ou seja: mesmo a parte do universo que está mais próxima de nós, e que é tão estudada há séculos e séculos, ainda não foi explicada de um modo rigoroso, que resista a uma discussão matemática cuidadosa. No entanto, a cada teoria nova, o seu autor pensa que chegou, enfim, à resposta final: como dizem Haar e Cameron, cada teoria pretende ter resolvido o problema. Mas nenhuma delas resistiu muito tempo: em dez ou vinte anos, são arrasadas pela crítica ou simplesmente nem despertam atenção e acabam esquecidas.
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