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Como o assunto deste livro é o estudo do surgimento do universo
como um todo e não apenas do sistema solar, não podemos dedicar
muito tempo a esse tema. Em uma conferência internacional sobre a
origem do sistema solar, em 1962, os astrônomos D. ter Haar e A.
G. W. Cameron analisaram todas as teorias que já haviam sido propostas.
Eis a conclusão geral que tiraram:
Vamos considerar por
um momento a situação, e perguntar por que há tantas
teorias, enquanto que nenhuma delas é satisfatória. É
claro que a falta de uma teoria satisfatória não é
devida a uma falta de interesse no problema; na verdade, esse interesse
tem aumentado rapidamente em anos recentes. No entanto, é instrutivo
perguntar: por que existem tantas teorias que pretendem ter resolvido o
problema? A razão é que em praticamente todas as teorias
falta uma base quantitativa. Praticamente todas as teorias são qualitativas,
mostrando processos possíveis que poderiam levar ao nosso sistema
planetário. No entanto, elas não consideram a questão
de verificar se os processos propostos podem também explicar quantitativamente
a formação dos planetas. Essa ausência de análise
quantitativa está geralmente escondida por uma análise mais
ou menos quantitativa de alguns poucos detalhes, sem, no entanto, especificar
os valores de importantes constantes que entram nos cálculos. No
entanto, é sempre preciso voltar a enfatizar que a cosmogonia pode
também ser tratada pelos mesmos métodos analíticos
rigorosos que foram tão bem sucedidos em outros campos da astrofísica.
A idéia básica apresentada por esses autores, e que devemos
admitir, é que tudo é muito fácil até que se
tenta fazer os cálculos e compará-los com a realidade. É
possível imaginar muitos modelos para a origem do sistema solar,
mas nenhum deles resiste a uma discussão mais cuidadosa, utilizando
as teorias físicas que são aceitas. Ou seja: mesmo a parte
do universo que está mais próxima de nós, e que é
tão estudada há séculos e séculos, ainda não
foi explicada de um modo rigoroso, que resista a uma discussão matemática
cuidadosa. No entanto, a cada teoria nova, o seu autor pensa que chegou,
enfim, à resposta final: como dizem Haar e Cameron, cada teoria
pretende ter resolvido o problema. Mas nenhuma delas resistiu muito tempo:
em dez ou vinte anos, são arrasadas pela crítica ou simplesmente
nem despertam atenção e acabam esquecidas. |
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