Capítulo 5:O Período Medieval

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Os cometas, igualmente, sempre anunciariam desgraças.

         Essa tradição astrológica, iniciada na Antigüidade, manteve-se muito forte até o século XVII, declinando mas não desaparecendo nos séculos seguintes. Houve ocasiões em que as autoridades religiosas se manifestaram contra a astrologia. Isso ocorreu, em particular, no início do século XVI. Havia sido feita uma previsão astrológica de um grande dilúvio que aconteceria em 4 de fevereiro de 1524, quando haveria uma conjunção de Saturno, Júpiter e Marte no signo de Peixes, provocando chuvas torrenciais.

         Muitos livros foram escritos para combater a previsão. Um deles é o do Frei Antonio de Beja, português. Um dos argumento que ele utiliza é que, se os astros determinassem os acontecimentos na Terra, todos os locais seriam igualmente atingidos pelas mesmas calamidades - e isso não ocorre. Uma cidade pode ser atingida pela peste sem que ela apareça nas cidades vizinhas.
 
Observamos aqui cada dia ser uma cidade e vila destruída por peste, e outra muito chegada e vizinha dela, ficar totalmente sadia, sem nenhum dano. Como há pouco tempo, que por castigo celestial e merecimento de nossas maldades vimos na nobre cidade de Lisboa, onde morreram milhares cada dia. Em alguns lugares muito chegados a ela, esse mal não tocou.
        Apesar de críticas religiosas à astrologia, pode-se dizer que a religião católica foi muito tolerante e jamais perseguiu os astrólogos como fez com as bruxas e feiticeiros. A Medicina, por sua vez, admitia a importância da astrologia para explicar as epidemias, através de influências climáticas, pois isso estava de acordo com a tradição galênica e hipocrática. Certamente essa tradição astrológica dificultou a compreensão das causas bem terrestres de doenças transmissíveis.

Os cometas eram consierados sinais da peste (tapeçaria de Bayeux, século XII).

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