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Os cometas, igualmente, sempre anunciariam desgraças.
Essa tradição astrológica, iniciada na Antigüidade,
manteve-se muito forte até o século XVII, declinando mas
não desaparecendo nos séculos seguintes. Houve ocasiões
em que as autoridades religiosas se manifestaram contra a astrologia. Isso
ocorreu, em particular, no início do século XVI. Havia sido
feita uma previsão astrológica de um grande dilúvio
que aconteceria em 4 de fevereiro de 1524, quando haveria uma conjunção
de Saturno, Júpiter e Marte no signo de Peixes, provocando chuvas
torrenciais.
Muitos livros foram escritos para combater a previsão. Um deles
é o do Frei Antonio de Beja, português. Um dos argumento que
ele utiliza é que, se os astros determinassem os acontecimentos
na Terra, todos os locais seriam igualmente atingidos pelas mesmas calamidades
- e isso não ocorre. Uma cidade pode ser atingida pela peste sem
que ela apareça nas cidades vizinhas.
Observamos aqui cada
dia ser uma cidade e vila destruída por peste, e outra muito chegada
e vizinha dela, ficar totalmente sadia, sem nenhum dano. Como há
pouco tempo, que por castigo celestial e merecimento de nossas maldades
vimos na nobre cidade de Lisboa, onde morreram milhares cada dia. Em alguns
lugares muito chegados a ela, esse mal não tocou.
Apesar de críticas religiosas à astrologia, pode-se dizer
que a religião católica foi muito tolerante e jamais perseguiu
os astrólogos como fez com as bruxas e feiticeiros. A Medicina,
por sua vez, admitia a importância da astrologia para explicar as
epidemias, através de influências climáticas, pois
isso estava de acordo com a tradição galênica e hipocrática.
Certamente essa tradição astrológica dificultou a
compreensão das causas bem terrestres de doenças transmissíveis. |
Os cometas eram consierados sinais da peste (tapeçaria de Bayeux,
século XII).
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